terça-feira, 20 de julho de 2010

[A visita de Waltraute]

[Waltraute vem alertar Brunhild]


[capítulos anteriores...]
[1] Brunhild- A valkyrja que desafiou Odin
[2] Mas o que aconteceu à Sieglind?
[3] O encontro entre Siegfried e Brunhild
[4]Os Gibichungs


No alto de uma montanha, Brunhild está entregue aos próprios pensamentos. Siegfried partiu para desbravar o mundo em busca de aventura e fama; ela lhe ensinou tudo o que sabia; ela lhe cedeu tudo o que tinha. Tendo colocado a própria vida em risco para salvar a vida da mãe de Siegfried, Sieglind, da ira de Odin, Brunhild perdeu sua imortalidade e seu lugar entre as Valkyrjor*, sendo condenada a viver num corpo humano a vida de uma simples mulher. Mas ainda assim o amava, e guardava a promessa de que ele voltaria enquanto contemplava o anel que ele deixou em seu dedo...o Anel dos Nibelungos.

Nesse momento ela ouve trovões e uma nuvem negra se aproxima da montanha. Assustada, ela se indaga quem se aproxima, já percebendo que se trata de uma de suas irmãs...uma Valkyrja*.
Brunhild não pode conter sua felicidade ao reencontrar sua irmã:
-Oh Waltraute!! Que boa notícia me trás? Terei enfim o perdão de meu pai? Poderei voltar a ser uma valkyrja?
-Infelizmente irmã, as notícias que lhe trago são as piores...Nosso pai Odin está prestes à mergulhar todos os deuses na ruina e somente você poderá salvá-lo!
-O que está acontecendo irmã?
-Odin abandonou o Valhalla a muito tempo e se tornou um andarilho. Um dia enfim ele retornou, e sua lança estava quebrada!
-Sua lança Gungnir...quebrada?
-Sim.

Brunhild ainda não sabe que foi Siegfried quem partiu a lança de Odin, seu próprio avô, no duelo que travaram na floresta.

-Um herói a partiu minha irmã!- diz Waltraute inconsolável- desde então nosso pai entrou em tal estado de prostração que ordenou aos einherjar* que destruissem Yggdrasil e empilhassem sua madeira nos portões do Valhalla! Loki apenas aguarda um sinal para lançar suas chamas sobre o lenho empilhado, para por um fim definitivo aos deuses e ao próprio mundo!
-Isso é horrível irmã! -disse Brunhild- Mas o que posso fazer, estando ainda sob o peso da maldição que Odin nosso pai me lançou?
-Brunhild, vc tem o Anel em seu poder! -diz Waltraute esperançosa- Nosso pai disse que se as Ninfas do Reno recuperarem seu ouro, a maldição de Alberich será quebrada e os deuses poderão viver em paz novamente com os homens!
-Não! O Anel é meu!!- exclama Brunhild consternada- Foi um presente de Siegfried! E só eu e ele sabemos o que lhe custou para tomá-lo de Fafner! Por isso jamais o devolverei!
-Brunhild....ele é muito importante para Odin!
-Ele é mais importante para mim! É uma prova de amor de Siegfried e vale muito mais para mim do que o orgulho de meu pai e o Valhalla inteiro! Por causa do amor que dediquei aos pais de Siegfried, meus irmãos, e depois deles à ele próprio é que fui encerrada aqui. Foi por ele que enfrentei a ira e o orgulho de Odin. Agora Ele deve esperar que seu próprio orgulho salve o mundo do qual, de forma violenta, ele mesmo me excluiu!

Amargurada e vendo que sua irmã não mudará jamais de opinião, Waltraute parte, com a certeza de que tudo acabará em muita dor e sofrimento e fogo.

Brunhild fica novamente só, entregue aos próprios pensamentos, diante da notícia de que o mundo está prestes a acabar. Sua saudade por Siegfried aumenta, e então como se fosse uma resposta, as chamas ao redor da montanha se intensificam.
-As chamas aumentaram de intensidade! É Siegfried que retorna!- diz ela sem conter a felicidade.

Um homem realmente acaba por transpor as chamas, mas ele não tem a aparência de Siegfried....
Caminhando firmemente, ele avança na direção de Brunhild....

[continua no próximo capítulo...]

Valkyrja: do Norse antigo "aquela que escolhe os mortos";
plural: Valkyrjor
Einherjar: espectros de guerreiros escolhidos entre os mortos nas batalhas pelas Valkyrjor.

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