segunda-feira, 30 de maio de 2011

[Sobre o Falar]


Falais quando deixais de estar em paz com vossos pensamentos.
E quando não podeis mais viver na solidão de vosso pensamento,
viveis em vossos lábios, e o som é uma diversão e um passatempo.
E em muito da vossa fala, o pensamento é um pouco assassinado.
Pois, o pensamento é uma ave do espaço que, numa gaiola de palavras, pode abrir as asas, mas não pode voar.

Há entre vós, aqueles que procuram os faladores por medo da solidão.
O silêncio da solidão revela a seus olhos seus seres desnudos e eles fogem.
E há aqueles que falam e, sem o saber ou prever, revelam uma verdade que eles próprios não compreendem.
E há aqueles que possuem a verdade dentro de si, mas não a expressam em palavras.
No íntimo de tais pessoas, o espírito habita num silêncio rítmico.

Quando encontrardes vosso amigo na rua ou no mercado público,
deixai que o vosso espírito mova vossos lábios e dirija vossa língua.
E que a voz escondida na vossa voz fale ao seu ouvido;
Pois sua alma guardará a verdade de vosso coração, como é lembrado o sabor do vinho.
Mesmo depois que a sua cor houver sido esquecida,
e a taça que o continha não mais existir.

[[_l_]] Khalil Gibran

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Invocação a Herne



Um vento vem zunindo pelas árvores
Carregando a canção da Geada
A dança das folhas se tornou vermelha ou dourada
O uivo dos Cães de Caça do Outono, o Lobo do Inverno.

Rei Azevinho, nós te chamamos
Para manter nossos medos acuados
A Luz se foi, despida do céu
E as árvores estão desnudadas também
A Terra, nossa Mãe e nossa guia
Dorme tranquilamente em seu despojado manto marrom

Nós vos chamamos, Coroado com Baga-de-Sangue
Veado Real, venha a nós do seu bosque eterno
Caçador, proteja nossa obscurecida chama do coração
Proteja nosso círculo de luz que bruxuleia
Ajude-nos a ver para além das sombras que se alongam
Na morte-nascimento do novo Ano.

Oh veado de sete pontas
Guardião de segredos mantidos no véu de Annwn
Ramo de facas sempre-verde
Rei Galhado, chamamos você

Esteja conosco, Herne,
Na Escuridão que se aproxima
Dê-nos olhos para ver na escuridão,
Que nunca possamos temer,
Ou perder a memória da luz.