sábado, 9 de abril de 2011

[O Outono e a Colheita Interior]

A alma redime e transfigura tudo porque é espaço divino. Quando você habita plenamente sua solidão e experimenta seus isolamentos extremos e abandono, descobre que em seu centro não há abandono nem vazio, só intimidade e refúgio. Na solidão você se encontra mais próximo da comunhão e da afinidade que em sua vida social ou na multidão. Nesse nível, a memória é a grande amiga da solidão. Quando se envelhece, começa a colheita da memória. Sua personalidade, crenças e função são na realidade uma técnica ou uma estratégia, para atravessar a rotina diária. Quando se está livre de seus próprios medos, e quando se desperta durante a noite, se pode aflorar o conhecimento verdadeiro. Se pode intuir o equilíbrio secreto da alma. Quando se percorre a distância interior até o divino, a distância interior desaparece. Paradoxalmente, a confiança em sua comunhão interior altera drásticamente sua comunhão exterior. Não encontrar comunhão em sua solidão equivale a ter sua esperança exterior permanentemente sedenta e desesperada. No outono de sua vida se colhe sua experiência. É um belo pano de fundo para compreender o envelhecimento. Não é simplesmente um processo no qual seu corpo perde sua postura, força e confiança em si mesmo. Ele também te convida a adiquirir conciência do círculo sagrado que envolve sua vida. Dentro do círculo da colheita se pode recorrer á momentos e vivências passadas e reuní-las em seu coração. Na realidade, se aprende a conceber o envelhecimento, não como a morte do corpo, mas como a colheita de sua alma, e verá que este pode ser um tempo de grande força, segurança e confiança. Ao compreender a colheita de sua alma no marco do ciclo sazonal, tem-se uma sensação de serena alegria pela chegada desta época em sua vida. Este momento deve dar-te forças e permitir que te alerte como se revelará a comunhão profunda do mundo de sua alma. O corpo envelhece, se debilita e enferma, mas a alma que o rodeia sempre o protege com grande ternura. É um grande consolo saber que o corpo se encontra dentro da alma. [[_l_]] Anam Cara - John O'Donohue

6 comentários:

S. Thot disse...

Olá! Existem textos/autores com os quais me identifico tanto que sinto até inveja. O'Donohue é um deles. O texto dele que você postou reflete um sentimento que tenho em relação à velhice e a morte.

É algo que realmente gostaria de ter escrito e que é inspirador em ler. Que este outono e inverno da Roda do Ano sirvam de treinamento para o Outono e Inverno de nossas vidas.

Ps.: respondi a sua postagem lá no blog. Faça uma visita quando possível.

Saúde, amizade, liberdade.


Sergio

Elpidio disse...

Li.
Gostei.

PAZ

Elaine Figueira disse...

Oi Samanta, há tempos sigo seu blog que gosto muito.

Adorei o texto.

Elaine

Elaine Figueira disse...

Oi Samanta, há tempos sigo seu blog que gosto muito.

Adorei o texto.

Elaine

Unknown disse...

Sam!

A Morte e a Vida intercalam-se o Tempo todo... E sinto-me feliz ao perceber que também existem outras pessoas que compartilham desses Velhos pensamentos.

Há pouco li algo que, acredito, vem a corroborar um pouco com o que escreveu:

"Para os frutos da árvore alcançarem os céus, suas raízes devem descer até os infernos."

Bênçãos.

PS: Gostei do background novo. To planejando um novo pro meu, mas tá dificil, rs.

Auíri Au disse...

Bastante interessante o blog.
Introspectivo.
Voltarei.
Abraço e luz.