quinta-feira, 5 de agosto de 2010

[A Traição à Brunhild]




-Não! Fique longe de mim!!- Grita Brunhild
O estranho aproxima-se cada vez mais e, num gesto abrupto, agarra-lhe o braço:
-Não resista, bela mulher! Se resistir será pior para você!
No entanto a voz do estranho soa vagamente familiar para Brunhild, mas ela pensa ser ele um enviado de Odin para puni-la.
Ela se solta do homem e corre para a entrada da caverna. Retira o Anel do dedo e o ameaça:
-Afaste-se maldito! Esse anel é mágico e me protegerá!
Mas ela não sabe que um anel maléfico não tem poder para proteger...apenas para destruir seu usuário.
O estranho toma-lhe o anel da mão e diz:
-Essa jóia agora também me pertence, pois a partir desse instante eu, Gunther, da nobre casa dos Gibichungs sou seu legítimo esposo!
A verdade é que o estranho não era ninguém menos que Siegfried disfarçado com o Elmo de Tarn, que havia tomado uma poção e se esquecera de Brunhild.
Depois de colocar o anel em seu próprio dedo, ele lhe dá um ultimato:
-Vamos, chega de resistência! Não me obrigue a violá-la.
Acuada e sem defesa, Brunhild não vê outra saída além de seguir o rude homem ao interior da caverna. Antes de entrar, porém, ele saca de sua espada e a eleva em juramento solene:
-Notung, agora você ficará entre mim e a noiva de Gunther para que eu não rompa meu acordo nem o desonre, tendo relações com sua noiva.

Siegfried então leva Brunhild para o reino dos Gibichungs para que se case com Gunther, sem que ela saiba do que se passa. Chegando ao Reno ele troca de lugar com Gunther e parte na frente para o palácio. Ao chegar no palácio, encontra Hagen sonolento e Gutrune, a qual abraça apaixonadamente...ainda vítima da poção do amor. Hagen, porém, nota que Siegfried carrega no dedo o Anel dos Nibelungos, e começa a tramar sua morte com planos ardilosos. O povo recebe seu rei e sua nova rainha com festejos e empolgação. Mas Brunhild está abatida e não demonstra felicidade alguma ao desembarcar na condição de "noiva trofél".
Mas Gunther exclama para a multidão:
-Aqui está, meus súditos, uma rainha digna de vós todos! Nenhuma rainha poderia ser mais nobre, sendo filha que é do próprio Odin!
O povo dá vivas frenéticamente, então Gunther os silencia com um gesto:
-Haverá dois casamentos!- diz ele dando a boa nova ao povo- Pois minha irmã Gutrune também se casará, com Siegfried, o maior dos heróis, cujo sangue também descende de Odin!!!

Ao ouvir o nome de seu amado, Brunhild fica em choque. Levantando a cabeça, que mantivera sempre abaixada, lentamente ela o encara.
-Siegfried?...- diz ela, que treme de maneira descontrolada- É mesmo você?
A jovem o olha no fundo dos olhos, mas ele não a reconhece mais:
-Sim, sou Siegfried! Verdadeiro herói! E vou me casar com Gutrune, irmã de Gunther, que passou a ser meu próprio irmão desde que unimos nosso sangue num pacto inviolável.
-Mas...como pode? Não me reconhece então?
-Lamento, Brunhild, mas nunca a vi em minha vida.

Brunhild entra em profundo desespero e chora descontroladamente. Confusa, reclama do destino aos gritos.
É neste instante que repara o Anel no dedo de Siegfried...o anel que Gunther havia tirado dela na caverna...
E como poderia ele estar em seu dedo?

[continua no próximo capítulo]

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