terça-feira, 28 de setembro de 2010

[Alimentação e Sacrifício]


Bom seria se pudésseis viver da fragrância da terra,
E como uma planta do ar, ser sustentados pelo ar
Mas como precisais matar para comer,
E roubar do recém nascido o leite da mãe para saciar sua sede,
Que isto seja um ato de louvor.

E que a vossa mesa seja um altar
No qual os puros e inocentes da floresta e da planície
sejam sacrificados para o que é ainda mais puro
E inocente no ser humano.

Quando matardes um animal, dizei a ele
do fundo do vosso coração:

"Pelo mesmo poder que te abate, eu também sou abatido;
e eu também serei consumido.
Pois a lei que te entregou nas minhas mãos
Vai me entregar a uma mão mais poderosa.
O teu sangue e o meu sangue nada mais são
Que o fluido vital que alimenta a árvore do paraíso".

E quando amassardes uma maçã com vossos dentes,
Dizei a ela do fundo do vosso coração:

"Tuas sementes viverão em meu corpo,
E os brotos do teu amanhã florescerão em meu coração,
E tua fragrância será meu hálito,
E juntos nos alegraremos em todas as estações"

E no outono, quando colherdes as uvas do vosso vinhedo
Para a prensa de vinho, dizei no vosso coração:

"Eu também sou um vinhedo,
E minhas frutas serão colhidas
para a prensa de vinho,
E como o vinho novo, serei mantido em vasos eternos"

E no inverno, quando retirardes o vinho,
que haja em vosso coração uma canção para o cálice
E que haja uma canção em memória dos dias de outono,
e do vinhedo e da prensa de vinho.

[[_|_]] Retirado de O Profeta, Khalil Gibran

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